segunda-feira, 3 de junho de 2019

Serra Devassa


Serra Devassa

A zona da Serra Devassa também denominada Maciço das Lagoas é constituída por um importante conjunto de elevações que se desenvolvem para SE do Maciço das Sete Cidades. O seu ponto mais alto é o Pico das Éguas com 847 m e é precisamente neste pico, a uma cota aproximada dos 820 m, que se situa a Lagoa das Éguas, a que, na Ilha de São Miguel, se encontra a maior altitude.
É na Serra Devassa que se encontra a maior quantidade de lagoas de São Miguel, entre elas destacamos as seguintes: Caldeirão da Vaca Branca, Canário, Carvão, Éguas Norte, Éguas Sul, Empadadas Norte, Empadadas Sul, Pau Pique e Rasa.
Neste texto, apenas faremos referência, às Lagoas do Canário e Empadadas.
A Lagoa do Canário, situada a uma altitude de 745m, está implantada num anel pomítico, o qual é caracterizado por apresentar vertentes pouco acentuadas e uma larga cratera de paredes mal definidas.
Instalada no meio de uma mata de criptomérias (Cryptomeria japonica), nas suas margens podemos observar, em quase toda a volta, fetos reais (Osmunda regalis), queirós (Calluna vulgaris), algumas malfuradas (Hypericum foliosum) e hortênsias (Hydrangea macrophylla). Nas suas águas, outrora, captadas para alimentar fontanários públicos de Ponta Delgada, encontra-se a ruivaca (Rutilus macrolepidotus), peixe endémico de Portugal que vive, entre outros sítios, nos sectores terminais das bacias hidrográficas do Douro e Tejo, a rã (Rana perezi) e as seguintes plantas: Potamogeton polygonifolius, Litorella uniflora, Juncus effusus e Hypericum elodes, estas duas últimas palustres.
Vale a pena uma visita às captações de água e ao Miradouro da Grota do Inferno. Dele podemos observar o Pico da Cruz, com 856 metros, a elevação mais alta do Maciço das Sete Cidades, a imponente Grota do Inferno, a Lagoa Azul, o povoado e as Lagoa de Santiago e Rasa (Sete Cidades).
As Lagoas Empadadas estão implantadas a uma altitude aproximada de 740 m. A do Norte, com a forma de 8 (oito), tem uma orientação aproximada NS e a do Sul é sensivelmente circular.
As duas lagoas, outrora, comunicaram entre si e as suas águas eram elevadas por meio de um sifão de ferro e transportadas por um longo aqueduto até aos fontanários públicos de Ponta Delgada. Ainda hoje, quando se torna necessário, as suas águas são bombeadas e utilizadas para abastecimento das populações.
As encostas das crateras de explosão onde se instalaram as lagoas estão cobertas por criptomérias, o carreiro que as circunda está bordado de azáleas (Rhododendron indicum) e nas margens podemos observar algumas hortênsias (Hydrangea macrophylla), queirós (Calluna vulgaris) e fetos reais (Osmunda regalis). Nos sítios muito húmidos ou já nas águas existem juncos (Juncus effusus), Hypericum elodes, Potentilla erecta, Prunella vulgaris, Anthoxanthum odoratum, Scirpus fluitans, Potamogeton polygonifolius, etc.
Nas suas águas vivem rãs, o ruivo e o lúcio (Esox lucius), este último peixe introduzido pelos Serviços Florestais depois de 1978.
Nesta lagoa tal como nas outras é possível observarmos libelinhas (Anax sp.) e as seguintes aves: alvéolas (Motacilla cinerea), tentilhões (Fringilla coelebs moreletti), estrelinhas(Regulus regulus azoricus) e garças reais (Ardea cinerea).


Bibliografia:
CONSTÂNCIA, J., BRAGA, T., NUNES, J., MACHADO, E., SILVA, L., (2001), Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel. Amigos dos Açores – Associação Ecológica, Ponta Delgada, 2ª edição.

Teófilo Braga
(Terra Nostra, nº 245, 15 de outubro de 2004)

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