quarta-feira, 19 de junho de 2019

PERCURSO PEDESTRE “Montanha do Pico”


PERCURSO PEDESTRE “Montanha do Pico”


Ponto de Partida e de Chegada- Cabeço das Cabras
Extensão: 7 km (aproximadamente)
Duração média: 6 h
Grau de Dificuldade: Difícil
Grau de Perigosidade: Elevado
Forma: Linear

O percurso pedestre inicia-se próximo do Cabeço das Cabras, a cerca de 1200 m de altitude. Neste local a vegetação, devido às condições climatéricas, é bastante baixa, sendo possível encontramos, entre outras, as seguintes espécies da flora açoriana: urze (Erica azorica), uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), canicão (Holcus rigidus), rapa (Calluna vulgaris), tomilho (Thymus caespititius), azevinho (Ilex perado), cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), queiró (Daboecia azorica), Rapa-língua (Rubia peregrina) e Tolpis azorica.

A uma altitude de 1425 metros localiza-se o segundo posto do trilho da Montanha, junto à Furna Abrigo. A Furna abrigo é uma chaminé vulcânica de um hornito, o qual é, de acordo com Nunes (1998), um pequeno cone de lava, sem conduta profunda, formado por “salpicos” de lava, resultantes de pequenas explosões ocorridas à superfície das escoadas.Por seu turno, Arruda (1972) caracteriza a Furna Abrigo como sendo um algar com 39 metros de profundidade implantado em lavas do tipo pahoehoe, muito recentes. Ainda de acordo com a descrição do referido autor, a 30 metros de profundidade existe uma passagem para outra sala com um comprimento de 13 metros e uma largura de 10 metros. Na sala inferior, sobretudo na zona Este da cavidade, podem ser observados numerosos pingos de lava, alguns dos quais de grandes dimensões.

O posto 3 localiza-se a uma altitude de 2250 m, na cratera de colapso existente na Montanha do Pico. As crateras de colapso “resultam do colapso de segmentos da superfície do vulcão, devido à drenagem de magma basáltico da conduta e de níveis superiores da câmara magmática. Drenado o magma, o tecto da câmara abate (por blocos ou como um todo), incapaz de suster o peso das formações superiores (Nunes, 1998).
A esta altitude a vegetação quase que desaparece, mas continua a ser possível observar a rapa (Calluna vulgaris), o queiró (Daboecia azorica) e o tomilho ou erva-úrsula (Thymus caespititius), sendo esta última a espécie predominante. Na cratera, é possível observar-se, ainda, o bermim (Silene vulgaris ssp. craterícola), uma subespécie endémica dos Açores que apenas se encontra neste local. No que diz respeito à avifauna, é possível observar-se o tentilhão (Fringilla coelebs moreletti), o melro-negro (Turdus merula azorensis) e a álvéola (Motacilla cinerea patriciae).

O último posto deste percurso localiza-se no cimo do Piquinho, a 2351 m de altitude, o ponto mais alto de Portugal.O Piquinho é um cone lávico muito íngreme, que se eleva cerca de 125 metros do fundo da cratera, formado por lavas “em tripa” (Nunes, 1999). Ocupando todo o sector NE da cratera, as suas vertentes, segundo Nunes (1999), para cotas superiores a 2280 m, apresentam inclinações médias de 45º, atingindo localmente valores na ordem de 50º-70º. No topo do Piquinho existe uma cratera com cerca de 15 m de diâmetro, onde se localiza um pequeno campo fumarólico.

Do Piquinho, a paisagem que se avista é monumental, desde a ilha de São Jorge, a nordeste e o Faial a Oeste, à zona central da própria ilha, a sueste, com os seus cones vulcânicos, as manchas de vegetação primitiva, as pequenas lagoas, etc, até à imensidade do oceano Atlântico. Deste local é, ainda, possível observar, em dias de bom tempo, as ilhas Graciosa e Terceira.

BIBLIOGRAFIA
ARRUDA, L., (1972), “Contribuição para o estudo espeleológico da ilha do Pico (Açores)”, Sociedade Portuguesa de Espeleologia 5; 1-11.
NUNES, J. (1998), Paisagens Vulcânicas dos Açores, Amigos dos Açores, Ponta Delgada.
NUNES, J. (1999), Actividade Vulcânica na Ilha do Pico do Plistocénico Superior ao Holocénico: Mecanismo Eruptivo e Hazard Vulcânico, Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, Ponta Delgada (Tese de Doutoramento).


Teófilo Braga
(Terra Nostra, julho de 2006)

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