sexta-feira, 7 de junho de 2019

Percurso Pedestre “Sanguinho”



Percurso Pedestre “Sanguinho”


Características do Percurso

Início/Fim do percurso pedestre: Burguete (Faial da Terra)
Extensão: 4,7 km (aprox)
Duração Média: 2 h
Grau de dificuldade: baixa (nível I, numa escala de 1 a 3)
Forma: Circular

O percurso inicia-se no Burguete, na freguesia do Faial da Terra, assim denominada pelo facto do vale onde está implantada se encontrar, na época da sua ocupação pelos primeiros habitantes, coberto de faias. O Faial da Terra, ocupa uma área de 12,7 km2 e possui, de acordo com os censos de 2001, 377 habitantes. No Burguete, é possível observar-se um teatro do Espiríto Santo e um dos seis moinhos que chegaram a estar em funcionamento no Faial da Terra. Este deixou de moer no final da década de 90 do século passado.

O percurso, entre o primeiro e o segundo posto, faz-se num carreiro existente na margem direita da ribeira. Esta margem, outrora ocupada por quintas com laranjeiras e bananeiras, hoje, em consequência da imigração e da desertificação humana que sofre o Faial da Terra, encontram-se abandonadas.

No segundo posto, o trilho atravessa um afluente da ribeira do Faial da Terra. Neste local podem ser observadas, entre outras plantas, acácias (Acacia melanxylon), conteiras (Hedychium gardneranum), cigarrilheiras (Banksia integrifolia) e cavalinhas (Equisetum telmateia). Aqui é muito frequente observar-se algumas espécies da avifauna açoriana, como o tentilhão (Fringilia coelebs), o melro-negro (Turdus merula), o canário-da-terra (Serinus canaria) e o santantoninho (Sylvia atricapilla).

O terceiro posto situa-se junto à bonita queda de água, na ribeira do Faial da Terra, denominada Salto do Prego. Neste local aprazível, predomina o incenso (Pittosporum undulatum) e a acácia (Acacia melanoxylon), plantas oriundas da Austrália: a primeira introduzida para servir de sebe aos laranjais e a segunda devido à sua madeira, que era muito usada no fabrico de mobiliário. Para além daquelas espécies, regista-se a presença do feto arbóreo (Sphaeropteris cooperi), também originário da Austrália, que tem grande valor ornamental, e de outro feto (Woodwardia radicans) que também existe na Madeira, nas Canárias e em toda a área que vai do Sudoeste da Europa até ao Sudoeste da Itália.

Depois de percorrido, em sentido oposto, o caminho que nos levou até ao Salto do Prego, atravessa-se a ribeira da Fajã do Estaleiro. Pouco depois, chega-se ao Sanguinho, onde as cerca de 20 casas, que outrora chegaram a albergar quase 200 pessoas, estão sem vida, encontrando-se algumas delas em ruínas, aguardando a sua recuperação.

No Sanguinho, assim chamado, segundo se crê, devido à presença, outrora, da planta endémica da Madeira e dos Açores denominada sanguinho (Frangula azoríca), para além das espécies cultivadas nos pomares, como as laranjeiras (Citrus sinensis) , as bananeiras (Musa ssp.) e os araçazeiros (Psidium littorale), predominam os incensos (Pittosporum undulatum), as criptomérias (Cryptomeria japonica) e as acácias (Acacia melanoxylon).

Teófilo Braga

(Terra Nostra, 4 de março de 2005)

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