domingo, 16 de junho de 2019

PERCURSO PEDESTRE “LOMBADAS”


PERCURSO PEDESTRE “LOMBADAS”

Ponto de Partida e de Chegada- Lombadas

Extensão: 12 km (aprox.)

Duração média: 4 h


O percurso inicia-se junto às ruínas do edifício onde, há alguns anos, se procedia ao engarrafamento da conhecida água mineral das Lombadas.
A empresa responsável pelo engarrafamento daquela água foi constituída em 2 de Julho de 1895 e no ano seguinte a água das Lombadas era vendida em Lisboa, para onde já haviam sido enviadas doze mil garrafas.
Nas Lombadas, podemos observar algumas espécies da flora primitiva dos Açores, como o louro (Laurus azorica), a faia (Myrica faya), o azevinho (Ilex perado ssp azorica), o cedro-do-mato (Juniperus brevifolia) e a urze (Erica azorica).

O segundo posto do percurso localiza-se no sopé do Pico da Vela, elevação com 863 metros de altitude. Daqui, temos uma vista diferente da Caldeira do Fogo e a própria lagoa parece-nos outra.
A actual configuração da caldeira do Fogo, parcialmente ocupada pela lagoa, terá surgido há cerca de 5 mil anos e a última erupção ocorreu em 1563.
A Lagoa do Fogo, a uma cota de cerca de 610 metros, ocupa o fundo da caldeira do maciço vulcânico de Água de Pau que atinge o ponto mais alto, a 949 metros, no Pico da Barrosa. A lagoa possui uma área aproximada de 1,5 km2 e uma profundidade máxima de 30 metros, sendo o seu comprimento máximo de 2,4 km e a largura máxima de 1,2 Km.
O terceiro posto situa-se no marco geodésico da Cumieira, a uma altitude de 881 metros. Aqui, a vegetação é muito rasteira, podendo ser vistos alguns exemplares de Tolpis azorica, Centaurium scilloides e erva- úrsula (Thymus caespititius).
Deste ponto, a paisagem continua a ser imponente: Vila Franca do Campo reduz-se a um aglomerado pequeno de casas e o ilhéu da Vila aparece com outra fisionomia.
O último ponto de paragem localiza-se junto ao Monte Escuro, cone stromboliano basáltico, com 890 m de altitude, situado no flanco nordeste do maciço do Fogo e cujas lavas correram para Norte, em direcção ao Porto Formoso, para Nordeste, em direcção de São Brás, e para Sueste, rumo à Lagoa do Congro.
Curiosa é a descrição que Gaspar Frutuoso faz desta zona: “a alta Serra do Monte Escuro, que tem no cume uma grande alagoa, ao redor da qual, antes do segundo terremoto, havia tão cerrado mato marinho, de altíssimo arvoredo de muitos cedros, folhados, faias, louro e ginjas, que ninguém podia lá passar, nem o gado que entrava podia mais sair e ali morria de velho, aproveitando somente os donos algum que, com grande dificuldade, se lhe tornava a vir por si mesmo, que eles não podiam lá entrar para o tirarem”.
Hoje, no Monte Escuro, as grandes árvores deram lugar a uma vegetação bastante rasteira, onde predomina o queiró (Calluna vulgaris). Aqui à volta, pode-se observar uma vasta área que depois de ter sido utilizada como pastagem está plantada de criptoméria (Cryptomeria japonica). A criptoméria é uma espécie originária do Japão que devido às características da sua madeira: forte, duradoira e fácil de trabalhar e ao facto de ser uma árvore de crescimento relativamente rápido, fazem com que apresente um grande interesse económico. Por outro lado, a sua plantação em locais antes ocupados pela Laurissilva constitui uma forte ameaça para aquela floresta característica dos Açores.

Teófilo Braga
(Terra Nostra, 277, 13 de janeiro de 2006)

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