domingo, 30 de junho de 2019

Educação Ambiental, mas qual?


Educação Ambiental, mas qual?


Do mesmo modo que quando se fala em movimentos de defesa do ambiente estamos a falar numa panóplia de vertentes, de que são exemplo o conservacionismo, que tem como preocupação central a protecção das espécies e dos sistemas naturais ou a ecologia social, de carácter libertário, que defende uma alternativa de administração ao estado centralizado, sendo o município “o lugar natural para modificações sociais, políticas e ambientais e o bairro e a cidade como a base duma nova política democrática”, também quando se aborda o tema educação ambiental estamos perante uma diversidade de “correntes”, isto é, diferentes formas de conceber e praticar a educação ambiental.

São inúmeros os esforços no sentido da classificação das várias correntes de educação ambiental que de acordo com Lima (1999) são “proporcionais, em número e, variedade, às tantas concepções de mundo, de sociedade, e de questão ambiental existentes”. No âmbito deste texto apresentaremos algumas “características” das três correntes de educação ambiental propostas, em 1994, por Ofélia Peña:

- a educação para a conservação, cujos adeptos defendem o regresso à natureza, recusam o desenvolvimento tecnológico e consideram que a solução para os problemas ambientais passa pela alteração dos valores de cada um. Os seus promotores educam pelo exemplo, constroem as suas casas ecológicas, produzem os seus próprios alimentos, fazem as suas roupas, etc.;

- a educação ecológica cujos promotores não põem em causa o modelo de desenvolvimento actual, defendendo apenas alguns ajustes. Usam métodos de educação tradicionais e autoritários e pseudo - participativos. Uma educação formal, onde o educador e o especialista ocupam um papel de destaque;

- a educação ambiental popular que defende a necessidade de superar a actual lógica neoliberal e propõe mudanças políticas e a redistribuição do poder e da riqueza, sendo o seu grande objectivo fazer com que as pessoas ao aprenderem a pensar e a serem autogestionárias recuperem o poder de decisão entretanto perdido. Os seus promotores, valorizam a educação não formal e como processo contínuo e permanente. Promovem métodos do tipo participativo e dialógico, onde entre educador e educando se estabelecem relações de colaboração e aprendizagem mútua.

Nos Açores, ao contrário do que afirmou recentemente, a uma revista regional, a Secretária Regional do Ambiente e do Mar, não existe qualquer estratégia regional de educação ambiental, desconhecendo-se que educação ambiental é perfilhada pelo Governo Regional dos Açores e pelas diversas entidades que fazem a gestão das ecotecas, espaços criados para a promoverem na região. Pelo contrário, faz-se alguma sensibilização e ensina-se muita biologia.

Teófilo Braga

(Publicado no Jornal Terra Nostra, 21 de dezembro de 2007)

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