segunda-feira, 3 de junho de 2019

Pinhal da Paz


Pinhal da Paz

O Pinhal da Paz, um autêntico jardim botânico, com uma área de 49 hectares e cerca de 15 km de caminhos, fica situado na freguesia da Fajã de Cima, a 6 km da cidade de Ponta Delgada. No início do século passado não passava de uma propriedade semi- abandonada, tornando-se, após a sua aquisição por António do Canto Brum, num local de visita obrigatório não só para os micaelenses mas também para os turistas.
Depois de adquirida a Mata das Criações, António do Canto Brum, ao longo de vários anos, fez um enorme esforço no sentido de transformar um local inóspito num parque maravilhoso. Assim, entre outras intervenções na propriedade, mandou construir uma moradia de veraneio, com jardim e próximo desta, fez erguer uma ermida em louvor de Nossa Senhora da Paz, de onde poderá ter surgido o nome do agora Pinhal da Paz. Finalmente, em 1958, após tanta dedicação ao Pinhal, decidiu inaugurá-lo e abri-lo ao público.
A generosidade e amor ao próximo de. António do Canto Brum, levou a que a receita das entradas que eram cobradas ao público revertesse a favor do Asilo de Mendicidade, do qual foi vice- presidente e, posteriormente, presidente desde 1948 até ao fim dos seus dias, que viria a ocorrer no dia 31 de Janeiro de 1963.
Após a morte do seu proprietário e posteriormente de sua esposa, o Pinhal ficou abandonado até que foi adquirido pelo Governo Regional do Açores e classificado, ao abrigo do Dec. Regional nº 12/82/A, publicado no Jornal Oficial de 1 de Julho de 1982, como Reserva de Recreio.
Desde aquela altura, até aos nossos dias foram realizados muitos trabalhos para recuperar e valorizar o Pinhal da Paz, com destaque para a reabilitação da vegetação existente e plantio de azáleas e camélias, a construção de um lago artificial e de um expositor de aves que alberga faisões, pavões e galinhas da Índia. A mais recente obra de beneficiação consistiu na criação do “Centro Informação Florestal do Pinhal da Paz”, que se situa na antiga casa do feitor, inaugurado a 19 de Março de 2004. Com esta infra-estrutura, o Pinhal ficou dotado de um espaço especialmente privilegiado para a formação/informação de todos quantos queiram conhecer mais profundamente aquele local.
Para além do recreio, todo os visitantes poderão contactar com as mais diversas espécies da fauna e flora existentes na nossa ilha.
A espécies vegetais existentes no Pinhal têm as mais diversas proveniências. Com efeito, podem ser encontradas espécies da flora primitiva dos Açores, como o azevinho (Ilex perado azorica), o loureiro (Laurus azorica), a faia da terra (Myrica faya), o tamujo (Myrsine africana) e o pau branco (Picconia azorica), espécies originárias da África do Sul, como a Clívia (Clívia miniata), o jarro (Zantedeschia aethiopica) e o agapanto ( Agapanthus orientalis), da Madeira, como o til (Ocotea foetens), da Austrália, como o feto arbóreo (Sphaeropteris cooperi) e a acácia (Acacia melanoxylon), do Brasil, como a pitanga (Eugenia uniflora), da China, como os lilases(Wisteria sinensis), etc.

Por outro lado, a avifauna do Pinhal é também bastante diversificada. Lá é possível encontrar, entre outras aves, o milhafre (Buteo buteo rothschidi), o melro negro (Turdus merula azorensis), o tentilhão (Fringilla coelebs moreletti), o canário da terra (Serinus canarius) e o pombo torcaz (Columba palumbus azorica).

Teófilo Braga
(Terra Nostra, 243, 17 de setembro de 2004)

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